segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Palhinha: Viagem de Harley SP-BA (Parte Final)









Saudações Amigos

Final da palhinha: "Viagem de Harley SP - BA" ou

"Long Way Down" - Capítulo III

06 Fev - Salvador - Ilhéus (BA) via ferryboat
Levantamos cedo e pegamos "Ivete Sangalo" para Itaparica. Encontramos no ferry uma turma de cariocas fazendo o mesmo trajeto. Seguimos com eles até Nazaré (das Farinhas) e de lá fomos para Valença reencontrar a 883R. Primeira dificuldade, achar o guardador porque, segundo seus conhecidos, nos domingos "ele sumia". Depois foi a novela do seguro, ao ligar de Salvador a atendente jurou que, acionado o seguro, eu deveria ficar junto do veículo porque o guincho chegava em 40 minutos; tentei argumentar que estando na Bahia achava prudente uma certa tolerância com o horário, mas ela foi inflexível. De Valença, nenhum dos 0800 funcionou seja pela Vivo ou pela Oi; só resolvi o impasse ao ligar para minha "base operacional" em sampa, que fez a ponte com a seguradora. Irritante foi suportar a necessidade protocolar da empresa, a atendente insistiu que informássemos o bairro em Valença (!?!?) para facilitar a localização pelo guincho (pode?!). O guincho chegou em menos de duas horas, embarcamos a moto após a pilota passar suas recomendações para o motorista.
A Costa do Cacau é linda, o asfalto é bom e uma chuva forte em Itacaré serviu de refresco.
Já em Ilhéus, eu me rendi à tentação, encarei com gosto uma moqueca de Aratu com muito dendê, afinal, estava no Vesúvio, o que podia acontecer? kkk Depois foi a vez de mais sorvetes de jacá, mangaba e etc...

07 Fev - Ilhéus
Dia de descanso, rede, maré, mordomias de hotel e jantar no Rei da Moqueca no Pontal... Fiquei me perguntando sobre o por quê deixar Ilhéus... O jeito foi me consultar com Jorge Amado, que pode ser encontrado a qualquer hora na sua cadeira privativa do Vesúvio. O Bataclan estava fechado, talvez por ser dia claro, ainda... Enquanto isso mais coco, acarajé e tapioca... kkk

08 Fev - Ilhéus - Caravelas (BA)
Hum! Acho que cama macia demais estraga o apetite pela estrada, foi difícil começar a repor as tranqueiras nos alforges... kkk
A Costa das Baleias é outra pista com asfalto decente e dá gosto rodar, praias, praias e coqueirais...
O catamarã não sairia no dia seguinte para Abrolhos, assim o pessoal do hotel sugeriu um pescador que, nas horas vagas, fazia o percurso até o Recife de Fora. Concordei.

09 Fev - Caravelas - Recife de Fora
Logo cedo, recebi o aviso que o barco chegou e já estava ancorado na praia do hotel, aguardando. Mordomia total, oba! No momento em que cheguei na praia, encontrei a "nossa" traineira, deparei com um barco de pesca típico, marcas de desgaste aparentes, mas não tive tempo de avaliar se devia, ou não, prosseguir na empreitada porque minha parceira já estava na água, passando pela murada e subindo no convés(?!), penso: "onde foi que errei?". O "capitão do mar" EDERALDO veio nos receber e explicar os planos para o passeio, mas não lhe dei atenção, pedi os coletes, e, só depois de conferi-los, conversamos. Ele, orgulhoso fez questão de explicar que o "23 de abril" estava no mar há apenas 15 anos, o motor era um potente monocilindrico, daquele usado na irrigação de agricultura. Suas explicações me gelaram o sangue nas veias, mas não dava mais para abandonar o navio... kkk
O passeio foi excelente, depois de uma hora e quarenta minutos chegamos ao Recife de Fora, o "comandante" conhece seu ofício, a maré estava baixando e ele passeava pelos recifes de coral com a serenidade baiana e a sua experiência de 17 anos no parcel. Vimos tartarugas, cardumes variados, caranguejos e moréias nas tocas, corais, peixe palhaço, ouriços etc. Além de toda a beleza natural sentimos a exclusividade do passeio, víamos e ouvíamos apenas gaivotas que se aproximavam curiosas para tentar um almoço fácil...
O persistente e habilidoso EDERALDO mostrou a que veio, depois de uma aparente correria sem sentido nos recifes, ele conseguiu fazer um grudião se entocar e logrou êxito em pegar o bicho na unha, literalmente. Após a alegria inicial em alisar o belo peixe azul, a parceira ficou triste ao saber que o bichinho não voltaria para a água. Mais tarde a nossa conversa se estendeu sobre a decisão de se tornar vegetariana ou não...

10 Fev - Caravelas - Iriri (ES)
Saindo de Caravelas, cruzamos com motocicletas de variados portes e categorias, big trails, speedy e custom, todas a caminho do Encontro MOTOTOUR FEST DE PRADO/BA. Pela quantidade de motos, triciclos, trailers, grupos grandes e pequenos, me fez pensar, quem sabe no próximo ano essa seja uma boa desculpa para visitar Prado? Afinal, dessa vez eu não tive tempo de saborear uma comidinha caseira na feirinha de Prado... kkk
Escapando do trânsito intenso de caminhões de Vitória, chegamos em Iriri, onde pelas referências recebidas fomos nos hospedar na pousada do PHD PEREIRA, que nos recebeu com simpatia e cordialidade mineira. O estabelecimento é ótimo. Ele nos indicou um restaurante onde pudemos apreciar a culinária capixaba, que continua muito saborosa.

11 Fev - Iriri - Sampa (SP)
Acordar mais cedo ainda, empacotar as tralhas e sair antes do café, afinal era dia de cruzar fronteiras para retornar para casa. As estradas costumam ficar mais curtas na volta, ou será que tem algo a ver com velocidades mais altas? Ou seria influência de ter olhado a outra mão na ida? Filosófico ou não, esses pensamentos ocuparam o capacete durante um bom tempo.
Numa parada em Itaboraí, uma surpresa, o que aconteceu com o pneu traseiro? Está careca! Quando eu sai eles estavam em bom estado; Caramba! Daí em diante, mudança de prioridade, nada de chegar mais cedo, é hora de poupar e administrar o desgaste, baixar a velocidade e chegar com segurança, sem chuva, de preferência.
No Frango Assado da Carvalho, a última parada programada para descanso. De saída, no céu a visão de nuvens escuras e relâmpagos. É, voltamos pra São Paulo e a recepção era de primeira, com chuva. Não queríamos, mas o bom senso mandou por as capas, pelo menos a jaqueta. Viva o bom senso! Rodamos cerca de dez minutos e entramos num temporal daqueles, parecia que Thor queria acertar nossas cabeças com seus trovões, a tempestade de granizo se abateu, ao levantar a viseira, certeiras pedradas no rosto. Carros diminuindo a velocidade, outros parando na pista, a brincadeira foi ficando cada vez mais perigosa, não se enxergava um metro à frente, mas o não parar foi recompensado, alguns minutos depois cessou o dilúvio e chegamos a São Paulo com tranquilidade. O céu ficou vermelho de novo, pergunto: cadê o índio? kkk

Em resumo, o passeio valeu a pena, a parada da 883R em Valença foi providencial, ela avisou que tinha problemas, paramos a 300m do Hotel em que ela ficou aguardando a nossa volta; se fosse na estrada, mais à frente, poderia ser uma complicação e tanto. Temos na memória a recordação de momentos únicos, fotos de montão, "causos" pra saturar ouvidos, a 883R agora está com rolamentos novinhos, a Preciosa vai ganhar "sapatinhos" novos e assim que não restarem pêlos encravados, poderei começar a pensar na próxima...
Ah! Seguem bons hotéis de praia:
Ilhéus (BA) - www.aldeiadapraia.com.br
Caravelas (BA) - www.marinaportoabrolhos.com.br
Iriri (ES) - www.pousadabarlavento.com.br

Foram 11 noites de viagem, pouco mais de 5000km e 2000km rodados (cada moto), 40 minutos de ferryboat (duas vezes) na travessia Itaparica - Salvador e uma hora e quarenta de traineira pro Recife de Fora (duas vezes). Se alguém estiver com disposição para fazer o percurso, não pense, faça. Se quiser algum detalhe adicional, estou à disposição, vou fazer a planilha de abastecimento, aliás, a autonomia da 883R foi um fator decisivo no planejamento do percurso e paradas.

A parceira já está com novas idéias...

Braço, Plabo

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